Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Reflexão sobre o passado e presente - "Cadernos de Lanzarote Diário III" (24/02/1995)

(Fotografia do filme documentário "José e Pilar"
A equipa de Miguel Gonçalves Mendes e José Saramago)

24 de Fevereiro (de 1995)
Para mim, filosoficamente (se posso ter a pretensão de usar tal palavra), o presente não existe. Só o tempo passado é tempo reconhecível - o tempo que vem, porque vai, não se detém, não fica presente. Portanto, para o escritor que eu sou, não se trata de «recuperar» o passado, e muito menos de querer fazer dele lição do presente. O presente vivido (e apenas ele, do ponto de vista humano, é tempo de facto) apresenta-se unificado ao nosso entendimento, simultaneamente completo e em crescimento contínuo. Desse tempo que assim se vai acumulando é que somos o produto infalível, não de um inapreensível presente." 
in, "Cadernos de Lanzarote Diário III"
Caminho, páginas 52 e 53 (24 de Fevereiro de 1995)
  

"Ergo uma Rosa"... poema musicado e dançado com leitura de José Saramago

Pode ser visualizado através do YouTube, aqui

"Espuma das Palavras" de Rui Santos - Uma revisitação sobre alguns traços da obra de Saramago

(Capa da edição "Espuma das Palavras")

Género - Poesia

Capa e ilustrações de Diane Sbardelotto

Pode ser consultado e descarregado gratuitamente, aqui



Sobre o opúsculo
“Espuma das palavras traz a relevo o exercício da força imaginativa do escritor como produto da relação com os acontecimentos de sua própria vida, das leituras e da aproximação que mantém com os principais temas de seu tempo” (Pedro Fernandes)

"OutrArte" Oficina de Teatro da Escola Secundária Carlos Amarante - "Um Ensaio Sobre a Cegueira"


A adaptação da obra e demais referências podem ser visualizadas via YouTube, aqui 


Oficina de Teatro da Escola Secundária Carlos Amarante.



"Verde. Amarelo. Vermelho. Verde. Amare­lo. Vermelho. Uma mulher fica cega na passadeira de uma rua de uma cidade sem nome. A epidemia - a cegueira branca - alastra-se. Os infetados são isolados e colocados em quarentena numas camaratas onde os instintos primários vêm ao de cima. Torna-se difícil controlar as emoções. «Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara». E o que o espetador é chamado a ver é a desagregação da decência humana em que deixa de haver distinção entre homens e animais. Estaremos todos cegos, cegos que, vendo, não vêem?" (por Deolinda Mendes)


Uma Adaptação da Obra "Ensaio sobre a Cegueira" De José Saramago.

Ficha Técnica:

Encenação e dramaturgia: Maíra Ribeiro

Assistência De Encenação: Deolinda Mendes, Vânia Silva, Afonso Alves e Natacha Branquinho

Desenho de Luz: Maíra Ribeiro e Deolinda Mendes.

Som e Mixagem de músicas: Maíra Ribeiro, Rocco Scolozzi e Ricardo Bernardino.

Vídeo: David Araújo

Elenco: Afonso Alves, Ana Alexandra Pereira, Ana Neri, Ângela Gomes, Bruno Gonçalves, Cátia Carvalho, Christelle Rocha, Cristiana Ramos, Francini Abdoul Hak, Giulia Santos, Joana Azevedo, Joana Soares, Luís Melo, Maria João Barbosa, Mariana Gomes, Marta Dainovich, Natacha Branquinho, Olga Fokt, Rita Pereira, Rita Rebouta, Rita Vilaça, Sara Nunes, Vânia Ferreira e Vítor Teixiera.

A edição n.3 da Revista de Estudos Saramaguianos está online.

(Capa da edição n.º 3)

A presente edição, tal como as anteriores, pode ser descarregada gratuitamente, aqui

Sinopse de apresentação
"Em 2015, a comunidade acadêmica perdeu o professor Cláudio Capuano; do leitor da obra de José Saramago, sobre a qual escreveu “Tudo que trago são papéis: história, escrita e ironia no teatro de José Saramago”, reproduzimos (em memória) um estudo seu sobre o papel feminino na obra dramatúrgica do escritor português. Na passagem dos 400 anos sem Miguel de Cervantes, esta edição também reproduz um estudo comparado entre sua obra clássica “Dom Quixote” e “A jangada de pedra”, da professora Joanna Courteau, da Iowa State University. O texto é seguido de um caderno de notas manuscritas de Saramago sobre a criação do romance ora lido. Completam a edição os textos do chileno José Enrique Finol, dos argentinos Jimena Bracamonte e Ariel Gómez Ponce, do espanhol José Joaquín Parra Bañón, do português António José Borges e dos brasileiros Ciro Leandro Costa da Fonsêca, José Rosamilton de Lima, Hugo Leonardo Prata e Edmundo de Drummond Alves Junior. São dois volumes - um em língua portuguesa, outro em língua espanhola - disponíveis gratuitamente na web através do site http://www.estudossaramaguianos.com/"

"ÍNDICE
9 - Apresentação

11 - As semióticas do nome: identidade e anonimato na obra de José Saramago
de José Enrique Finol

33 - Os penitentes de Saramago
de Ciro da Fonsêca e José de Lima

45 - Vozes femininas no teatro de José Saramago
de Cláudio Sá Capuano

59 - Um elefante que cala, um humano que se interroga: 
José Saramago en(tre) a fronteira da comunicação animal e a linguagem humana
Jimena Bracamonte e Ariel Ponce

79 - Dom Quixote e A jangada de pedra: o mundo transformado
de Joanna Couteau

87 - Cadernos de notas manuscritas de José Saramago para 
composição do romance "A Jangada de Pedra"

125 - Arquitetura de Todos os nomes. Geometria e atmosfera do conservadorismo geral
de José Joaquín Bañón

149 - Saramago por Saramago
de António José Borges

165 As intermitências da morte em José Saramago: análise do discurso e os conceitos sobre velho, velhice e envelhecimento
de Hugo Prata e Edmundo Alves Junior"