Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

"Rodham" - Revisitar "Outros Cadernos de Saramago" (27/1/2009)

Revisitar "Outros Cadernos de Saramago"
http://caderno.josesaramago.org/23722.html

Terça-feira, 27 de Janeiro de 2009

"Rodham"
"O atrevimento não teve outras consequências que o (in)esperado interesse que despertou o blog de ontem sobre Hillary Clinton e a sugestão de que recupere o seu autêntico apelido, Rodham. Não houve protestos diplomáticos, a Secretaria de Estado não emitiu um comunicado nem consta que no The New York Times se tenha feito eco do meu escrito. Amanhã mudarei de assunto. Entretanto, descanso e contemplo.

Clinton?
Que Clinton? O marido, que já passou à história? Ou a mulher, cuja história, em minha opinião, só agora vai começar, por muito senadora que tenha sido? Fiquemos-nos com a mulher. Convidada por Barack Obama para secretária de Estado, terá, pela primeira vez, a sua grande oportunidade de mostrar ao mundo e a si mesma o que realmente vale. Obviamente também a teria, e por maioria de razões, se tivesse ganho a eleição para a presidência dos Estados Unidos. Não ganhou. Em todo o caso, como se diz na minha terra, quem não tem cão, caça com gato, e creio que todos estaremos de acordo em que a secretaria de Estado norte-americana, gato não é, mas tigre, felinos um e outro. Apesar da pessoa nunca me ter sido especialmente simpática, desejo a Hillary Diane Rodham os maiores triunfos, o primeiro dos quais será manter-se sempre à altura das suas responsabilidades e da dignidade que a função, por princípio, exige.O que aí fica não é mais que uma introdução ao tema que decidi tratar hoje. O leitor atento terá reparado que escrevi o nome completo da nova secretária de Estado, isto é, Hillary Diane Rodham. Não foi por acaso. Fi-lo para deixar claro que o apelido Clinton não lhe foi dado no nascimento, para mostrar que o seu apelido não é Clinton e que havê-lo tomado, fosse por convenção social, fosse por conveniência política, em nada alterou a verdade das coisas: chama-se Hillary Diane Rodham ou, no caso de preferir abreviar, Hillary Rodham, muito mais atractivo que o gasto e cansado Clinton. Nem um nem outro me conhecem, nunca leram uma linha minha, mas permito-me deixar aqui um conselho, não ao ex-presidente, que nunca aos conselhos deu grande atenção, sobretudo se eram bons. Falo directamente à secretária de Estado. Deixe o apelido Clinton, que já se parece muito a um casaco coçado e com os cotovelos rotos, recupere o seu apelido, Rodham, que suponho ser de seu pai. Se ele ainda é vivo, já pensou no orgulho que sentiria? Seja uma boa filha, dê essa alegria à família. E, de caminho, a todas as mulheres que consideram que a obrigação de levar o apelido do marido foi e continua a ser uma forma mais, e não a menos importante, de diminuição de identidade pessoal e de acentuar a submissão que sempre se esperou da mulher."

Memórias fotográficas


Já está disponível a edição #56 da revista digital "Blimunda" - Aqui link acesso gratuito

Capa da edição #56 Janeiro de 2017

A presente edição pode ser consultada e descarregada gratuitamente, via página da Fundação José Saramago aqui em http://www.josesaramago.org/blimunda-56-janeiro-2017/

Sinopse de apresentação
"A Blimunda começa o ano com algumas mudanças gráficas e uma nova secção chamada (Em) Breve, que trará todos os meses pequenas notas com novidades do universo literário em língua portuguesa.

Para este número de janeiro, a revista visitou em Madrid a exposição Animal Collective, uma mostra com trabalhos em banda desenhada de 22 coletivos, de várias partes do mundo.

Em 1936 teve início a Guerra Civil Espanhola e entre as milhares de vítimas estiveram centenas de escritores e intelectuais. Agora, o legado deixado por esses autores passa ao domínio público. A Blimunda conversou com especialistas e explica a importância de facilitar o acesso a estes materiais que agora passam a poder ser difundidos de forma gratuita.

Qual é o segredo de Paula Rego? Na tentativa de desvendar esse mistério a jornalista Anabela Mota Ribeiro fez uma série de entrevistas à pintora, das quais resultou o livro Paula Rego por Paula Rego. Este número da Blimunda publica um texto da psiquiatra e docente Manuela Correia sobre este livro de entrevistas.

Estamos todos representados nas publicações ou a diversidade dos leitores não é refletida naquilo que é editado? Esta é a pergunta a que se procura dar resposta na secção Infantil e Juvenil desta Blimunda de janeiro. Na secção Visita Guiada, entramos pela porta da Bruaá, editora sediada na Figueira da Foz.

Em novembro, a escritora Inês Fonseca Santos e o ilustrador João Maio Pinto publicaram José Saramago: Homem-Rio, biografia do Prémio Nobel de Literatura que integra a coleção Grandes Vidas Portuguesas. A Saramaguiana recupera o texto lido por Inês Fonseca Santos aquando da apresentação do livro.

No arranque de mais um ano de Blimunda, os habituais desejos de Boas Leituras!"