Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

domingo, 26 de outubro de 2014

Johann Sebastian Bach - Suite n.º 6 - Opus 1012 em Ré Maior - O Violoncelista em "As Intermitências da Morte»



(...) "De súbito, a orquestra calou-se, apenas se ouve o som de um violoncelo, chama-se a isto um solo, um modesto solo que não chegará a durar nem dois minutos, é como se as das forças que o xamã havia invocado se tivesse erguido uma voz, falando porventura em nome de todos aqueles que agora estão silenciosos, o próprio maestro está imóvel, olha aquele músico que deixou aberto numa cadeira o caderno com a suite número seis opus mil e doze em ré maior de johann sebastian bach, a suite que ele nunca tocará neste teatro, porque é apenas um violoncelista de orquestra, ainda que principal do seu naipe, não um daqueles famosos concertistas que percorrem o mundo inteiro (...)"

As Intermitências da Morte
Edição de 2005 - Caminho
Página 174



Bach : Solo Cello Suite, No. 6, in D Major, BWV 1012 : Prelude

Robert Schumann - Fantasia Opus 73 - O Violoncelista em "As Intermitências da Morte»



As Intermitências da Morte
Edição de 2005 - Caminho
Página 155

(...) «A morte seguiu pois pelo corredor até à primeira porta à direita de quem entra e por aí passou à sala de música, que outro nome não se vê que deva ser dado à divisão de uma casa onde se encontra um piano aberto e um violoncelo, um atril com as três peças da fantasia opus setenta e três de robert schumann, conforme a morte pôde ler graças a um candeeiro de iluminação pública cuja esmaecida luz alanrajada entrava pelas duas janelas (...)» 


Schumann Fantasiestücke Op 73
Gautier Capuçon cello 
Martha Argerich piano
Verbier Festival 2011