Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

domingo, 29 de novembro de 2015

Roteiro Literário - O Percurso Pedestre baseado na obra de José Saramago "O Ano da Morte de Ricardo Reis" - Dias do Desassossego 2015





Roteiro Literário - O Percurso Pedestre baseado na obra de José Saramago 
"O Ano da Morte de Ricardo Reis"

«"O Ano da Morte de Ricardo Reis" é um dos mais interessantes romances do Prémio Nobel, onde se cruzam personagens como Ricardo Reis, Lídia e até Fernando Pessoa. Neste passeio percorremos os locais referidos na obra e, em cada um desses locais, para alé da explicação da obra, é lido, como de costume, um excerto do romance.»

Mais informação, 
ou na página do Facebook, em https://www.facebook.com/MissLisb/?fref=ts

Contactos Directos 
Mail - geral@misslisbon.com
Morada - Praça Infante D. Duarte, n.º8, 3ºD - Infantado - 2670 - 386 Loures
Telefone - 965 458 919 / 964 601 916

Início da visita - Fundação José Saramago

 A sede da FJS - Casa dos Bicos - As janelas com a arte de José Santa-Bárbara


O Cais das Colunas
"Chove sobre a cidade pálida, as águas do rio correm turvas de barro, há cheias nas lezírias. Um barco escuro sobe o fluxo soturno, é o Higland Brigade que vem atracar ao cais de Alcântara"


Praça Duque da Terceira  - Cais do Sodré - Rua Nova do Carvalho (Hotel Bragança)













"tornou o hóspede a entrar na recepção, um pouco ofegante do esforço, pega na caneta, e escreve no livro das entradas, a respeito de si mesmo, o que é necessário para que fique a saber-se quem diz ser (...) Ricardo Reis, idade quarenta e oito anos, natural do Porto, estado civil solteiro, profissão médico, ultima residência Rio de Janeiro, Brasil, donde precede, viajou pelo Highland Brigade"







Rua do Comércio
"Ricardo Reis saiu cedo do hotel, foi ao Banco Comercial cambiam algum do seu dinheiro inglês pelo escudos da pátria, pagaram-lhe por cada libra cento e dez mil réis"


Rua do Crucifixo
"Afasta-se Ricardo Reis em direcção à Rua do Crucifixo, atura a insistência de um cauteleiro que lhe quer vender um décimo para a próxima extracção da lotaria, É o mil trezentos e quarenta e nove, amanhã é que anda à roda"

Rossio (Restaurante Irmão Unidos)
"Fez um gesto na direcção da praça de táxis, tinha fome e pressa, se ainda encontraria a esta hora restaurante ou casa de pasto que lhe desse de almoço, Leve-me ao Rossio, se faz favor"

Nota Informativa (Miss Lisbon): "Os Irmãos Unidos, no Rossio, era um restaurante que pertencia ao pai de Alfredo Guisado (detalhe da placa). Aqui se reunia a geração do Orpheu, e encomendado para ele, Almada Negreiros pintou o retrato de Fernando Pessoa, em 1954, que presentemente se encontra na Casa Fernando Pessoa. Dez anos mais tarde, pintou uma réplica para a Fundação Gulbenkian. O restaurante encerrou em 1970, tendo a sua área sido ocupada pela Camisaria Moderna."

 Rua dos Sapateiros / Rua de Santa Justa
"Vai Ricardo Reis a descer a Rua dos Sapateiros quando vê Fernando Pessoa. Está parado à esquina da Rua de Santa Justa, a olhá-lo como quem espera, mas não impaciente."

A estátua de Fernando Pessoa


Praça Luís de Camões 
"Tivesse Ricardo Reis saído nessa noite e encontraria Fernando Pessoa na Praça Luís de Camões, sentado num daqueles bancos como quem vem apanhar a brisa"


Alto de Santa Catarina
 
"Ainda não são três da tarde quando chega ao Alto de Santa Catarina. As palmeiras parecem transidas pela aragem que vem do largo, mas as rígidas lanças das palmas mal se mexem. Não consegue Ricardo Reis lembrar-se se já aqui estavam estas árvores há dezasseis anos, quando partiu para o Brasil."

Estátua do Adamastor
"Foi dar a volta à estátua, ver quem era o autor, quando foi feita, a data lá está, mil novecentos e vinte e sete, Ricardo Reis tem um espírito que sempre procura encontrar simetrias irregulares do mundo, oito anos depois da minha partida para o exílio foi aqui posto o Adamastor, oito anos depois de aqui estar Adamastor regresso eu à pátria, ó pátria, chamou-me a voz dos teus egrégios avó"