Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Saramago ... transportava gente dentro dos seus livros ... e as gentes que o transportava

José Saramago
Homem Universal


Sem territórios ou fronteiras, porque as imagens e as palavras são de todo o mundo.
Traduzido em dezenas de línguas, sentiu-se espantado quando as suas obras tinha vendido mais de 1.000.000 de livros nos Estados Unidos da América. 
Sentiu-se reconhecido quando por diversas paragens, em apresentações das suas obras, em conferências, em entrevistas, em teatros, anfiteatros e outros locais, onde acontecia centenas ou milhares de pessoas o esperavam para o ouvir. E ele sabia o que dizer.

Apelou à "Bondade" e à "Justiça", e que se estes se cumprissem a "Caridade" não teria lugar.

Tocava a mente das pessoas.
Tocou os corações daqueles que o ansiavam receber com suas imagens e metáforas.

A Blimunda, o Tertuliano Máximo Afonso, Cipriano Algor, o Sr. José,
a Mulher do Médico, o H, o Constante e o Achado,
Salomão, o Domingos Mau-Tempo, o Presidente da Câmara,
Jesus, o Pedro Orce, o irmão de Caim,
Raimundo Silva, os tipógrafos da Noite
o Homem que pediu um barco ao rei e o Menino da Flor...

Eles, estes e tantos outros, são a voz que nos alerta...
Mantenham-se em alerta...

Uma inquietação constante
Um desassossego permanente
Uma pergunta em vez de uma resposta




José Saramago durante o lançamento de A viagem do elefante, no SESC Pinheiros. 
(Fotos por Renato Parada)



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