Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sábado, 10 de outubro de 2015

"As Intermitências da Morte" Excerto da entrevista de Luísa Mellid-Franco a Saramago (Expresso, 19/11/2005)



(...) "A morte não é uma entidade, a morte não é «alguém». Aquilo a que nós chamamos morte é algo de impalpável, de indefinível, que habita, desde que nascemos, dentro de cada um de nós. Talvez preferíssemos um sinal, um esqueleto envolto num lençol. Reconhecê-la-íamos e isso seria tranquilizador. Talvez. Mas não passaria de uma representação. No limite, é algo que mata, e quando chega o momento ela manifesta-se e a gente sai de cena." (...) 

Entrevista de Luísa Mellid-Franco, Expresso (19/11/2005)

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