Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sábado, 17 de outubro de 2015

"Johann Sebastian Bach - Cello Suite No 6 in D major, BWV 1012" em "As Intermitências da Morte"

Pode ser visualizado via YouTube, aqui 

"Johann Sebastian Bach - Cello Suite No 6 in D major, BWV 1012"
Mstislav Rostropovich, cello

(...) Enquanto o cão corria ao quintal para descarregar a tripa, o violoncelista pôs a suite de Bach no atril, abriu-a na passagem escabrosa, um pianíssimo absolutamente diabólico, e a implacável hesitação repetiu-se. A morte teve pena dele, Coitado, o pior é que não vai ter tempo para conseguir, aliás, nunca o têm, mesmo os que chegaram perto sempre ficaram longe. Então, pela primeira vez, a morte reparou em toda a casa não havia um único retrato de mulher, salvo de uma senhora de idade que tinha todo o ar de ser a mãe e que estava acompanhada por um homem que devia ser o pai. (...)
in, "As Intermitências da Morte"
Caminho, página 183

Via Mary Emy  | ;-) | 
A musicalidade na obra de ‪#‎saramago‬ 
Os andamentos e movimentos de ênfase ou de ruptura, o seu apoio e o contrário... 
uma das constantes na obra de José Saramago é a presença da música. 
Aqui presente em "As Intermitências da Morte", será o Violoncelista (como personagem) o elemento do contraponto e reequilíbrio... (será? )

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