Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Roteiro de Leitura "O Evangelho segundo Jesus Cristo"

Roteiro de Leitura
"O Evangelho segundo Jesus Cristo" 
Caminho, 1.ª edição - 1991


Um roteiro não nos mostra o local físico, porém, 
nos orienta pelos caminhos a percorrer até ao seu destino.
São 90 pontos de interesse, onde se acompanha a "viagem" de um homem que carregou desde a sua concepção a semente de Deus, a culpa do pai e a vida em sofrimento de sua mãe e o amor de Maria de Magdala até ao momento em que se torna mártir para que em seu nome Deus concretize o seu plano.
Tal como se pode imaginar e idealizar num trajecto entre o ponto de partida e o de chegada. Pelo meio, um caminho percorrido. 
(8 a 25 de Janeiro de 2016)

1 - Capítulo inicial que aborda a pintura de Albrecht Dürer "A crucificação de Cristo"

2 - José acorda sobressaltado a meio da noite. A madrugada apresenta-se estranha. Parece que o mundo vai acabar. Amanhece e a urgência sexual de José. Maria que o recebe


3 - José, carpinteiro de 20 anos, obediente a Deus. Maria, filha de Joaquim e Ana, serviçal de José e de Deus, 16 anos, trata da casa e dos trabalhos pesados. Vivem em Nazaré que pertence à Galileia

4 - Quatro semanas depois o mendigo que bate à porta a pedir, depois de comer apresenta-se a Maria como o anjo que lhe anuncia a gravidez de Maria "Sou um anjo mas não digas a ninguém". A terra negra que brilha na tigela de barro onde o mendigo comeu. José toma uma atitude de desconfiança

5 - José pede conselho na sinagoga. Os três anciãos (Abiatar, Dotaim e Zaquias) decidem confrontar Maria sobre o caso da visita do mendigo. A tigela com a terra luminosa foi enterrada.


6 - Passam os meses. Chegam a Nazaré alguns soldados romanos que por ordem do imperador César Augusto, todas as famílias governadas por Públio Sulpício Quirino deveriam apresentarem-se a recenseamento na sua terra de origem para actualização do cadastro dos contribuintes de Roma

7 - José é informado do recenseamento por Ananias seu vizinho. José é de Belém de Judeia, perto de Jerusalém, será lá o local que por obrigação deverá ir. Chua mulher de Ananias o acompanha nesta malfadada notícia, quando Maria já se encontra no fim da gestação.

8 - José e Maria partem em direcção a Belém. De início terão a companhia de duas famílias. Homens e rapazes com mais de treze anos à frente, depois todas as mulheres, as meninas, as mulheres e as velhas.


9 - Confronto de perguntas e respostas entre José e o ancião Simeão que quis saber o que faria José se chegado o fim do prazo de recenseamento em Belém, Maria não tivesse dado à luz. Se não nascer até à data é porque Deus não quis que Roma viesse a saber da sua existência. Tensão entre os homens deste caravançarai. Razão ou presunção de José

10 - No dia seguinte a caravana inicia sua marcha. José pede desculpa a Simeão pelo excesso cometido. Simeão depois de matutar confidencia uma visão que teve. Talvez fosse melhor que filho a nascer se mantivesse incógnito e igual aos seus iguais. A ajudar a este episódio final na discórdia, José olhando em direcção à marcha das mulheres vê um homem alto caminhando ao lado de Maria. Duas vezes teve a visão à terceira já lá não estava

11 - Passaram pelas terras malditas de Samaria e o episódio do mendigo ao lado de Maria continuará a importunar José


12 - Sinal das primeiras dores mas que ainda dará para sair de Jerusalém e chegar a Belém. Passarão pelo túmulo de Raquel mulher de Jacob. O parto é eminente. A urgência das dores manda José ir procurar os anciãos que lhe possam dar ajuda. Em desespero pede guarida numa casa, o melhor que consegue são os préstimos da escrava Zelomi e um lugar numa gruta desocupada de animais.

13 - Enquanto dura o parto José recebe de três pastores a promessa de leite, queijo e pão. O pastor que promete a oferta do pão faz um compasso de espera intrigante.

14 - Nasceu um menino. Será agora tempo de Zelomi repousar da ajuda que deu a Maria e de José regressar à gruta e tomar para si a protecção do seu filho. Os pastores que prometeram alimento a José, chegam com o leite, queijo e pão. Este pão oferecido pelo pastor que tinha feito algum silêncio no anúncio é reconhecido por Maria como sendo o anjo que lhe deixou a terra luminosa


15 - Rei Herodes à beira da loucura e da morte, ordena a condenação à morte dos seus filhos, e vive os seus últimos dias em agonia. No meio de um pesadelo, aparece-lhe o profeta Miqueias que sempre parece não dizer tudo o que tem para comunicar ao rei

16 - Ao oitavo dia José leva o seu primogénito à sinagoga para que seja circuncidado. José deu-lhe o nome de Jesus. Maria ficará trinta e três dias à espera, é o tempo da sua impureza que leva a limpar e purificar.

17 - Sem sucesso em Belém, José vai a Jerusalém procurar trabalho no templo que lá se construía. De volta passa pelo túmulo de Raquel, vem-lhe um estranho pensamento - os filhos que morrem por causa dos pais que os geraram e das mães que os puseram no mundo

18 - Passam os dias e José prepara o regresso a Nazaré. Irão passar pelo templo em Jerusalém. A grandeza do Pátio dos Gentios e o ritual de purificação que José cumprirá no templo ao mandar sacrificar duas rolas


19 - Maria foi purificada pelo sacrifício das duas rolas e Jesus é o pretexto das mortes. O regresso a Nazaré

20 - O profeta Miqueias que nos sonhos do rei Herodes sempre se cala desta vez anunciou "mas tu, Belém, tão pequena entre as famílias de Judá, foi já de ti que me saiu aquele que governará Israel."


21 - No dia seguinte José nas obras do templo de onde está de abalada, e colocado no caminho de soldados e ouve a conversa entre eles. O rei Herodes terá mandado matar todos os filhos com menos de três anos, pelas contas serão vinte e cinco ao todo

22 - José em pânico corre para salvar o seu filho. Sai depressa de Jerusalém, ainda pensa no dinheiro perdido da semana trabalhada, mas a sua urgência é salvar Jesus. Chegado à gruta ordena a Maria a saída rápida e prepara os pouco haveres. Nesse momento o clamor das vozes, gritos e choro dos que morrem e dos que ficam. José foi ver se o perigo nas redondezas passara. Maria ficou na gruta tentando vencer o medo da escuridão. Sente passos aproximando, soldados, José? O pastor, o mesmo que tinha sido mendigo e depois o anjo.


23 - O anjo anuncia que deixará de aparecer, tudo o que tinha de acontecer aconteceu. Refere o crime de José, por não ter avisado a aldeia e assim salvar os outros filhos assassinados. Chora Maria a desgraça. José que nessa noite é abalado pelo sonho de ser o soldado que ia matar seu filho. Na manhã seguinte seguem em direcção a Nazaré e a escrava Zelomi já não os encontra.

24 - Passaram oito meses e chega a notícia da morte do rei Herodes em Jericó. José vive o remorso durante o dia e o pesadelo à noite. Maria está grávida de novo. O tempo passa. A planta nascida da terra luminosa não dá sinal de querer morrer. Nasceu Tiago o segundo filho. Depois Lísia, José, Judas, Simão,  Lídia, Justo e por fim Samuel.

25 - Jesus fez cinco anos e passa a frequentar a sinagoga


26 - De Roma vem a ordem de se proceder a novo recenseamento, em vez do povo se deslocar ao seu local de origem andarão recenseadores com soldados em escolta. Há tumultos na Galileia e Judeia

27 - Por volta dos onze anos de Jesus nasce a revolta contra os romanos encabeçada por Judas Galileu ou da Galileia


28 - O desassossego de Jesus é o resultado dos pesadelos que José tem todas as noites. Quando um dia questionou o pai foi-lhe dito para cumprir todas as obrigações e deveres que conhece e procurar dentro de si os que tem a obrigação de respeitar mesmo que não lho tenham sido ensinados, e que não pode fazer todas as perguntas nem ele lhe pode dar todas as respostas

29 - As guerras contra Roma continuam e vão chegando notícias de mortes. Ananias pediu a José que o acompanhasse ao deserto onde o céu e as pedras seriam suas testemunhas. Partirá para a guerra vai juntar-se a Judas Galileu que comanda as tropas revoltosas. Chua irá viver com os seus parentes e José cuidará da casa de Ananias, até ao seu regresso ou morte

30 - Passou um ano e a guerra com os romanos está a ser perdida. Chega a Nazaré um mensageiro de Ananias em que este ferido e às portas da morte manda pedir a José que faça entregar a casa a Chua. José num ímpeto pega no burro e vai em seu auxílio.


31 - Chegou a uma terra de feridos e mortos, prendeu o burro e foi à procura de Ananias. Quase morto quando o encontra num armazém que servia de depósito

32 - A paz de quem reencontra o que procura e se pergunta porque o foi procurar. Ananias quase morto e o rapaz a seu lado que tenta sobreviver. A união das mãos dos três. A morte, a vida e a paz de José. Vai para treze anos que não passava uma noite sem os pesadelos. Vai buscar o burro para carregar o morto e o vivo que se quiser poderá acompanhá-los. O burro foi roubado e o peso da vida jorra-lhe através das lágrimas. Na busca pelo burro é apanhado pelas tropas romanas que ocupam Séforis.

33 - Caminha José com os restantes condenados até ao monte onde serão crucificados. José foi o último dos quarenta crucificados, na sua vez não teve forças para clamar inocência, morreu aos trinta e três anos. Séforis foi incendiada e destruída.

34 - Sem regresso de José ou de suas notícias, Maria e Jesus partem em direcção a Séforis.
O silêncio pelo caminho. Jesus que encontra seu pai já descido da cruz. Maria que lhe tenta compor as pernas partidas. Jesus recolhe as sandálias gastas.

35 - Manda a regra que todos os mortos sejam sepultados no próprio dia, neste caso foram quarenta os crucificados e não havendo sepulturas disponíveis para tantos decidem abrir uma vala comum. Jesus ajuda neste trabalho


36 - Regressam a Nazaré noite fechada. A família reunida na dor

37 - Com a túnica e sandálias do pai assume o seu lugar. Na primeira e segunda noites Jesus tem o mesmo pesadelo - Ele e outras crianças estão numa praça à espera que os soldados as venham matar, José será um dos carrascos. Será depois da terceira noite que Jesus terá de sua mãe, debaixo de uma Oliveira, a confissão dos sonhos de José. Ali é obrigada a fazer a confissão do que sabe perante as perguntas que Jesus lhe faz. Ao largo em pleno deserto Maria vê um pastor e suas ovelhas, reconhece-o. Jesus assume a culpa do pai que matou aquelas crianças.


38 - Jesus sai de casa. O desgosto da mãe e dos irmãos. A incerteza do destino, o temor de Maria. A revolta, culpa e peso das crianças assassinadas pelas tropas de Herodes que o pai não denunciou e por sua vez não salvou.

39 - O regresso do mendigo/anjo que durante a noite vem buscar a planta que nasceu da terra luminosa

40 - Jesus demora três dias a chegar a Jerusalém, pelo meio dorme por onde calha e ou onde lhe dão abrigo


41 - Jesus entra no templo em Jerusalém onde procurará as respostas juntos dos sábios escribas. No templo ouve também questionar sobre a terra prometida de Israel e da interpretação da palavra do Senhor dada a Moisés no Monte Sinai. Jesus perguntou sobre a culpa, a transmissão da culpa dos pais para filhos como uma herança. "A culpa é um lobo que come o filho depois de ter devorado o pai"

42 - Sai do templo e de Jerusalém em direcção de Belém. Terá tempo para reflectir nas perguntas feitas e respostas obtidas. A viagem e a culpa, o lobo. Chega ao túmulo de Raquel. O caminho que dará entrada em Belém é o dos sonhos. A chegada a um largo que tem uma construção tumular e fica a saber que ali está o que procura. Vinte e cinco crianças assassinadas há quase catorze anos. Zelomi e Jesus encontram-se neste túmulo e é feito o regresso ao passado quando a escrava o leva à cova onde nasceu. Ali regressa para conhecer o crime que o salvou e que o irá matar.


43 - Nessa noite em que passa na gruta aparece-lhe o pastor conhecido de Maria e que José não chegou a saber da história. Questionou Jesus sobre quem é o que estava ali a fazer. Fica acertado que o leva como ajudante

44 - Cedo seguiu o rebanho e rapidamente Jesus observou que o pastor não respeitava os momentos das orações. Pretende deixá-lo e questiona a sua devoção a Deus porque não faz as devidas orações e apenas se baixa para tocar o chão, não entende que sendo pastor não retire riqueza do rebanho. O passar dos tempos levou à tolerância de um para com o outro.

45 - Jesus fez quinze anos e está habituado à vida do pastoreio, à convivência e ensinamentos do pastor. Ainda estão presentes os sonhos. Irá na Páscoa a Jerusalém


46 - O pastor oferece-lhe um cordeiro para o sacrifício. Jesus nega levar um cordeiro para a morte tendo sido ele quem ajudou a criar. Sairá do rebanho com promessa de voltar. Segue pela estrada de Emaús e procura forma de trabalhar para poder comprar o animal, consegue poucas moedas como pedinte, será um velho de barbas brancas que lhe oferece um cordeiro. Chega a Jerusalém no meio do turbilhão de pessoas e vozes, no momento do sacrifício recusa e questiona o porquê daquela acção, pega no cordeiro que será entregue ao rebanho e foge de Jerusalém só parando na estrada para Ramalá. Aqui encontrará a sua mãe e irmãos.

47 - Encontra a família e existe tensão entre Jesus e Maria por causa da convivência com o pastor. O cordeiro que não foi sacrificado. Volta costas à família e segue seu caminho. A chegada ao rebanho e Deus que se anuncia através das trovoadas que incendeiam a oliveira.


48 - O cordeiro que Jesus entrega ao rebanho será marcado com um corte na orelha que deitada ao fogo remete para a circuncisão de Jesus em bebé quando levado por José ao templo. Um reconhecerá o outro, pela marca de um e o cheiro do outro. Já ovelha com três anos perder-se-á do rebanho para os lados de Jericó.

49 - Jesus entra no deserto à procura da sua "ovelha". As sandálias do pai se desfizeram. Entrada simbólica do homem que já tem dezoito anos e retirou a túnica. Ficou nu.


50 - No deserto um chamamento próprio que atrai Jesus para uma miragem de sons e imagens. Passado o labirinto chega a uma zona central onde  descobre a sua ovelha. Deus sob forma de nuvem que se apresenta numa coluna de fumo e chama Jesus. "Eu sou o Senhor" fica explicado o porquê de Jesus ter sido impelido até ao local.

51 - O poder e a glória em troca da vida de Jesus quando Deus achá-lo preparado para a tarefa que lhe irá destinar. O sacrifício da ovelha para satisfação e prazer de Deus. Regresso ao rebanho e o pastor que o manda embora porque do episódio do sacrifício Jesus não terá aprendido a mensagem

52 - Jesus deixa o rebanho e segue pelas margens do rio Jordão, aproveita algumas paragens para descansar os pés ensanguentados e feridos por te caminhado descalço.


53 - Caminha Jesus pela margens do rio Jordão e subindo em direcção a Nazaré, vai experimentando algum trabalho com os pescadores. Acontece o dia em que vai ao mar com dois irmãos numa barca, Simão e André, depois de uma parca faina de tão pouco peixe diz Jesus para tentarem a sorte e lançar três vezes a rede. Três vezes veio cheia. Sai de Genesaré onde teve contacto que as artes da pesca em direcção a Nazaré para regressar a sua casa. Em Magdala à saída da povoação volta a abrir uma ferida antiga no pé, pede ajuda na única casa que tem por perto e onde irá descobrir a mulher que o auxilia a cuidar do ferimento

54 - Enquanto esta mulher cuida de Jesus ele toma contacto com a sua beleza, o seu cheiro e a sensualidade que o confunde. Jesus é um jovem homem que vive da aprendizagem e este é um assunto que ele aprende. Ela é Maria, será de Magdala, tal como ele é Jesus de Nazaré. A porta foi trancada e o sinal usado na sua profissão retirado.


55 - Maria de Magdala pediu a Jesus que ficasse, a porta fechou e seria assim enquanto ele quisesse ou estivesse com ela. Ficou uma semana. Na última noite voltou o sonho, foi a ocasião para Jesus contar mais da sua vida e as imagens que o agita todas as noites. Seguiu para Nazaré com a promessa de voltar e Maria de Magdala apaixonada por ele decide não voltar a receber nenhum homem.

56 - O regresso a casa. A mãe e os irmãos que o recebem e questionam. A tensão que as moedas que Maria de Magdala escondeu na túnica transportada no alforge. A primeira noite e um sonho diferente. Jesus e José caminham não num sonho de morte mas de exaltação e saudade. O sonha antigo teria acabado naquele momento em que fez as pazes com seu pai.


57 - As contas em família e a tensão com a mãe e os irmãos não foi resolvida e voltou a acontecer uma discussão. Jesus convocou a mãe e os dois irmãos mais velhos Tiago e José. Conta que viu Deus e que ele lhe falou sob a forma de coluna de fumo, terá poder e glória depois de morrer. A família renega-o ao não crer nas suas palavras. Maria lança-lhe uma armadilha ao insistir para que Jesus escolha e leve uma tigela. Escolheu a que esteve enterrada com a terra luminosa o que foi um sinal da convivência com o diabo. A questão da tigela relembra-lhe as palavras do pastor. 


 


 58 - Caminho de volta a Magdala, o percurso feito em choro e pensamentos sobre o seu destino. Maria de Magdala que o recebe de braços abertos quando o esperava não no dia seguinte mas algum tempo depois, essa tinha sido a promessa de Jesus de que um dia voltaria. A explicação dada depois do jantar e de repartirem o pão da verdade. Diz Jesus "Eu vi Deus" e Maria de Magdala ouvirá tudo sem duvidar. O sofrimento da mulher que foi prostituta entende o alcance da vida que espera Jesus pela frente. Duas semanas aguentaram viver juntos naquela casa mas tiveram que a deixar e seguir nova viagem. A casa foi destruída pelo fogo

59 - Passaram meses e o anjo apresentou-se de novo a Maria para lhe dizer que Deus passou por Nazaré e misturou a sua semente com a de José e que Jesus é seu filho, Maria foi uma mera portadora e que devia ter acreditado no que Jesus lhe disse. Arrependimento de Maria e que esta deveria de fazer como Jesus fez quando partiu à procura da sua ovelha.


60 - Maria depois do encontro com o anjo repara na filha Lísia que dorme a seu lado e aparece quase nua. Terá o anjo tocado em Lísia? Maria acorda-a e o anjo apareceu nos sonhos de Lísia. Na manhã seguinte Maria comunica aos filhos o quão se sente errada por ter duvidado de Jesus e manda Tiago e José em sua procura junto ao mar. Param em Tiberíades onde trabalham uns dias para ganhar algum dinheiro e seguem viagem para sul e voltam para norte pela borda do mar onde encontram Jesus acompanhado de Maria de Magdala. Tiago com a habitual animosidade e ciúme e José mais novo mas também mais amigo e desejoso do irmão Jesus. O recado da mãe para que volte porque nele crêem foi rejeitado, de volta levam o anúncio de Jesus que a família é quem em nele crê.

61 - Tiago e José regressam a Nazaré transportando a resposta de Jesus. Maria de Magdala que se questiona sobre a dor da mãe de Jesus. Jesus e as suas idas constantes ao mar para trazer peixe e quando as povoações entram em disputa sobre quem deve ficar com Jesus, ele retira-se para o deserto até se acalmarem e viver em paz. A vida precária sem tecto. Jesus fica a saber que Maria de Magdala nasceu em Betânia de Judeia e lá terá como família Marta e Lázaro seus irmãos. Por ter sido prostituta teve de deixar a terra natal.


62 - Jesus é posto à prova, vive o temor de um dia mandar lançar as redes e elas virem vazias. Vão os barcos e levanta-se uma tempestade terrível, as vidas daqueles pescadores correm risco de morte, mandou parar os ventos e as águas. Milagre na voz dos que se salvaram, foi a voz de Deus pela afirmação de Jesus. Maria de Magdala lhe dirá que ganhará todas as batalhas e perderá a guerra.

63 - Este episódio foi perdendo a força da novidade e chegou a Nazaré aos ouvidos de Maria e seu filho José. Foi altura para que Maria não duvidando do milagre contasse a José toda a história de Jesus, desde a aparição do anjo até aos tempos mais recentes. Lísia que tinha entretanto casado e vive perto de Nazaré em Caná convida a mãe e irmãos para o casamento de uma cunhada. Irá Maria, José e Lídia.

64 - Na festa apresenta-se Jesus e Maria de Magdala com André. A alegria de Lídia contrasta com o receio de José e de Maria.

65 - Durante a festa do casamento da cunhada de Lísia, Maria mãe de Jesus e Maria de Magdala cruzaram-se várias vezes até que se apresentaram e abraçaram. Jesus é confrontado pela mãe quando falta o vinho na festa e este é impelido a fazer nascer vinho onde havia água, persiste a tensão familiar entre a repulsa de Jesus e o arrependimento da mãe

66 - Jesus e Maria de Magdala seguem em direcção a Tiberíades e as rotinas das idas ao mar encher as redes dos pescadores continua. Jesus mostra alguma impaciência na demora da chegada da hora em que Deus mostrará para o que o escolheu. Tem agora vinte e cinco anos, alguns actos ou pequenos milagres como o de ter tirado com a mão a febre da sogra de Simão, a prostituta que ia ser apedrejada por ser adúltera, ou a ida à margem oriental onde raramente teria ido e Jesus teve de mandar acalmar o mar que parecia revolto. Acompanhava-o Tiago e João quando já em terra um homem louco e possesso se prosta a seus pés.


67 - Vem o homem fugindo de quem o quer agarrar e chegado a dois passos de Jesus cai prostrado no chão. Anuncia-se a Jesus como este sendo o Filho de Deus algo que ainda não seria conhecido, chama-se Legião porque traz consigo muitas vozes diabólicas e pedem-lhe que o deixem sair do homem para irem juntar-se à vara de porcos que por ali andavam. O sim de jesus causou a libertação daqueles demónios que entraram nos corpos dos porcos e num ápice estes se atiraram em desespero ao mar acabando por morrerem afogados. O desespero dos donos destes porcos que eram o seu sustento criou uma frustração em Jesus. 

68 - no final do dia Jesus e os seus amigos mais próximos, Simão André Tiago e João juntam-se para debater o anúncio daquele que o apelidou de Filho de Deus. Contou o que se passou quando Deus o anunciou que a ele proporcionará o poder e glória em troca da sua vida. Até lá aguardará o sinal


69 - O episódio do milagre da multiplicação dos pães perante uma multidão esfomeada, e o da figueira que não tendo figos porque não era tempo deles Jesus a secou, quando Maria de Magdala lhe explicou já não conseguiu fazer ressuscitar o que antes tinha matado. "Darás a quem precisar, não pedirás a quem não tem"

70 - Nevoeiro cerrado. Este é o dia em Jesus diz a Maria de Magdala que irá saber para o que está destinado. Conduz a barca até uma clareira de luz onde pára e na popa está sentado Deus numa figura majestosa


71 - "Vim saber quem sou e o que terei de fazer daqui em diante". Decorrendo o início do diálogo será interrompido pela chegada do pastor. Vem nadando e Deus age como se estivesse à sua espera. Colocado a meio do barco entre Jesus e Deus como se de um intermediário tratasse. Deus apresenta-o como sendo o Diabo. Gémeos sendo a barba de Deus o que diferencia a fisionomia entre ambos.

72 - A segunda questão está na insatisfação de Deus em ser o deus de um só povo, o judeu. Jesus terá sido criado para alargar a sua influência a todo o mundo tornando-se mártir e vítima através da dor e morte na cruz como aconteceu com José. Se Deus não pode expandir a sua influência por pacto com os outros deuses, Jesus pretende retirar-se deste acordo. Perante a impossibilidade de sair de um pacto de cláusula única e servindo-se Deus dos homens para o que pretende, Jesus pega os remos e pretende abandonar a conversa. Remou sem fim até voltar à mesma clareira luminosa. Disse Deus recomecemos. Os milagres serão obra de Deus por intermédio de Jesus na terra e se abdicar de os praticar esses acontecerão à sua passagem e o povo nele verá o filho de Deus. 


73 - Percebe agora Jesus o que queria dizer o pastor quando o expulsou do rebanho "não aprendeste nada". Não podia sacrificar a ovelha quando não quis a sacrificar em cordeiro, a Deus não pode dizer sim para depois dizer não. 

74 - Deus deu carta branca para seguir e fazer tudo em seu nome, mesmo que para tal tenha que fazer algo contra a lei. Deverá contar as histórias e metáforas que lhe aprouver para chegar a mais gente.


75 - O pedido de Jesus para que Deus lhe explique o que será o futuro de diferente depois do seu sacrifício, a intervenção do pastor que assume as suas mentiras como sendo as suas verdades. Deus dirá que depois da morte de Jesus será criada a sua Igreja, católica porque será universal e daí à luta na Terra será um passo para que haja paz nos céus. Os seguidores próximos serão todos mortos, com excepção para Maria de Magdala e João que morrerão naturalmente e Judas Escariote que se enforcará numa figueira, o resto será ferro e fogo, sangue e guerra.

76 - Deus e Jesus seguem a conversa, as Cruzadas e o custo com vidas


77 - o Diabo que se isenta da culpa da decisão de Deus e do sangue, a voz que desce do nevoeiro e anuncia a criação de um Deus Inimigo como se de um heterónimo tratasse. Alusão a Pessoa e seus Outros 

78 - Agora a Inquisição, a monstruosa dor que percorrerá o mundo que Jesus pretende agora afastar. Deus quer o poder e o Diabo dirá como palavras finais que "É preciso ser-se Deus para gostar tanto de sangue" e lança o repto a Deus, voltar ao tempo em que foi o seu arcanjo Lúcifer e renegar a todo o mal feito e por fazer. Deus não aceitará e quanto pior for o Diabo maior a dimensão de Deus. Dirá o Diabo para Jesus que não se diga que não tenha tentado. Antes de abandonar o barco e deixar Deus e Jesus sozinhos reclamou a pertença da tigela que um dia a mãe de Jesus lhe deu entre as quatro para escolher, é a tigela da terra negra luminosa. Desaparece na água Diabo e Deus lança um último aviso a Jesus que enviará um homem chamado  João para o ajudar mas que a ele tem de ser provado que quem diz Jesus ser


79 - Levantou o nevoeiro e Jesus vê em terra uma agitação sem igual. Simão, André, Tiago e João vêem em direcção do barco de Jesus e Simão entra dentro do barco e fica a saber do encontro com Deus e o Diabo, do que estaria preparado para ele e qual o seu trabalho. Tinha estado quarenta dias no mar sem que qualquer pessoa pudesse ter entrado na água. Simão ao chegar à margem anuncia a chegada do Filho de Deus que esteve no mar ouvindo o seu Pai. Em terra obrará o milagre de criar pássaros de bolas de terra para que Tomé nele acreditasse. Seguiu com os seus seguidores viagem. 

80 - Andavam pelas terras apregoando o arrependimento como caminho directo para acreditar em Deus. O milagre do leproso e do paralítico. Jesus segue com Maria de Magdala para Betânia e pede aos seus acompanhantes que sigam até à Palestina pregando a chegada do novo reino de Deus e juntarem-se passados três meses em Betânia para daí seguirem para Jerusalém.


81 - Maria de Magdala e Jesus entraram em Betânia por Jericó onde foram visitar a família. Foi sentida a tensão e temor entre as irmãs por causa do passado de prostituição. Marta é gémea de Maria. Virá Lázaro que receberá Maria nos braços. Jesus retirá do corpo de Lázaro o mal de que ele sofre o que aos seus olhos será um acto incompreensível. Será Maria a anunciar que Jesus é o Filho de Deus. Marta fez correr a notícia da cura de seu irmão pelas mãos de Jesus. Imediatamente a porta e a rua daquela família se tornou num ajuntamento de pessoas procurando por curas e milagres. Jesus curou um mudo porque não tinha como pedir e aos outros mandou embora e que primeiro se arrependessem dos seus pecados. 

82 - De todas as paragens chegavam multidões para ver e serem curados por quem dizem ser filho de Deus. De Jerusalém chegam escribas para documentar a vida de quem se ousa tal denominação. Jesus perante essas questões dizia ser Filho do Homem e a Deus se referia como seu Pai. Assim em Betânia e enquanto iam chegando os seus discípulos Jesus ia criando a sua morte. 

83 - Faltavam chegar Judas Escariote e Tomé que tinham avistado e falado com João de quem Deus disse que enviaria para ajudar Jesus, andava no deserto anunciando castigos e a chegada de um novo Messias. Jesus segue em sua procura com Judas Escariote e Tomé e encontraram-no à saída de Betânia em Betabara, na margem de um rio. Jesus foi ter com ele sozinho, Judas Escariote e Tomé aguardaram longe de onde mal conseguiam observar. João com Jesus e de água pela cintura procedeu ao ritual de baptismo e disse para Jesus "Baptizado estás com água, seja ela a alimentar o teu fogo". João seguiu para norte e Jesus em direcção de onde os três tinham partido. Só a Maria de Magdala é que Jesus relatou a conversa com João e depois disto saíram de casa de Marta e Lázaro para irem para fora de Betânia numa tenda, Jesus sozinho onde passava o dia e à noite saia para o deserto. Olhava e aguardava depois regressava ao acampamento. Passados oito dias juntou-se aos discípulos e anunciou que iriam para Jerusalém. Os seus discípulos questionaram o seu silêncio e que eles eram merecedores de uma justificação e participação na vida dele. Jesus recebeu uma voz na sua cabeça e é impelido a ir para Jerusalém. Com ele são treze e chegados à zona do Templo começaram a derrubar as bancas dos cambistas, as gaiolas das pombas que se soltaram e assim evitaram o sacrifício esperado. Os guardas do Templo depressa se acercaram do tumulto e a confusão foi generalizada. O sumo sacerdote que foi chamado deixou-os sair e regressam a Betânia.


84 -  À chegada encontra Jesus a morte de Lázaro. Marta pede ao Filho de Deus que use o seu poder e ressuscite o irmão morto. No momento em que Jesus se prepara para o trazer à vida, Maria de Magdala diz a Jesus que ninguém cometeu tantos pecados em vida que mereça morrer duas vezes. Cai Jesus em choro. A morte é consumada.

85 - O luto é terrível, Marta culpa a irmã por não ter permitido a ressurreição de Lázaro. Maria de Magdala certa da sua razão vive numa imensa tristeza e Jesus que vive uma profunda angustia ao ponto de pedir a Maria de Magdala para que não se esqueça de lhe estender a mão porque esse é o laço que o liga à vida.


86 - Passados dias Jesus junta-se aos seus discípulos no acampamento. Chega a notícia da prisão de João o Baptista, e depois a forma e a causa. Degolado por andar a denunciar a relação entre o rei Herodes e sua sobrinha. Isto causa enorme celeuma entre os presentes, aquele que foi enviado por Deus para ajudar Jesus na sua missão anunciando a chegado do Messias e que tinha baptizado Jesus, Judas Escariote e Tomé, não podia ter sido degolado por um crime menor. Todos reunidos agora sem a presença das mulheres estão em confronto de ideias e posições. O dever e obrigações de cada um, Jesus e a verdade que conhece sobre cada um ou a forma como serão mortos com excepção de João que é o único que morrerá velho. 

87 - Jesus escolhe que na cruz morre o filho do Pai e que assim Deus não sacrificará o seu Filho, para tal Jesus será apresentado como rei dos Judeus para derrubar Rei Herodes. Contra a vontade de todos Judas Escariote fará a vontade de Jesus e será ele a denunciar o pretendente do trono.

88 - Depois da denuncia chegam a Betânia os soldados de Herodes e os guardas do Templo para prender o que se diz rei dos Judeus. As mulheres e os discípulos vêem atrás. À saída de Betânia está Judas Escariote enforcado na figueira. 


89 - Será levado ao sumo sacerdote que o confronta com a alusão a ser Filho de Deus a que Jesus contesta como sendo rei dos Judeus. Irá depois ao palácio do procurador. A humilhação no trajecto penoso até ao encontro de Pilatos. O interrogatório e a confirmação pela boca de Jesus que é o rei dos Judeus e como tal escolhe morrer na cruz com uma placa com a inscrição Jesus de Nazaré Rei dos Judeus


90 - Num monte em Gólgota três serão os crucificados, dois já sofrem a dor e chega Jesus que nos pulsos e calcanhares será pregado ao patíbulo. Sente a dor que seu pai sentiu em Séforis. Aguarda a morte. Abre-se o céu e Deus tal como se apresentou na barca exclama "Tu és o meu Filho muito amado, em ti pus toda a minha complacência". Jesus sente-se trazido ao engano e diz "Homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que fez".
Foi morrendo e sentia-se em Nazaré com o seu pai "Nem eu posso fazer-te todas as perguntas, nem tu podes dar-me todas as respostas".
Alguém lhe passou uma esponja embebida em água e vinagre nos lábios, e a última visão é a de um homem saindo com um balde na mão e uma cana ao ombro. Já não verá a tigela negra para onde lhe escorria o seu sangue.


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