Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quinta-feira, 3 de março de 2016

Citador #43 . Sobre as mulheres

"Não me agradam as grandes frases nem a retórica das acções. Mas é verdade que nos meus romances aparecem personagens, sobretudo mulheres, dotadas de um heroísmo discreto, natural, como uma emanação de sua personalidade. São mulheres, inclusive, dispostas ao sacrifício por compaixão, compadecer-se com o outro, um sentimento que tem que ver com a piedade, não com a grandiloquência. Nesse modelo de mulher, que se repete de livro em livro, com nomes diferentes e em épocas diferentes, se está a forjar uma nova forma de humanidade, uma forma distinta de “ser humano”.
“Las palabras ocultan la incapacidad de sentir”, ABC (Suplemento ABC Literario), Madri, 9 de agosto de 1996
[Entrevista a Juan Manuel de Prada].

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