Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

domingo, 24 de julho de 2016

"A Viagem do Elefante" pela ACERT Tondela na 3.ª edição do Festa – Festival Internacional de Artes de Rua (Ovar)

A notícia pode ser recuperada e consultada, aqui via jonal Expresso,
em http://expresso.sapo.pt/cultura/2016-07-21-Ovar-ao-natural-Festa-da-arte-e-feita-na-rua

Imagem da estrutura que dá corpo à personagem, o elefante Salomão

"Música, dança, teatro, espetáculos comunitários, oficinas, performances e instalações artísticas, entre outras atrações, constam no programa do Festa – Festival Internacional de Artes de Rua, este ano numa versão alargada, a realizar entre amanhã e domingo. Ao todo são 25 manifestações culturais e 17 espetáculos, a cargo de 11 companhias portuguesas, quatro espanholas e duas francesas que vão invadir e deambular pelo centro de Ovar.

Na terceira edição do evento “o palco é o chão”, como explicou aos jornalistas a programadora Fátima Alçada, para quem “a inexistência de palcos liberta-nos para olhar à volta”. E há muito para ver este ano.

Belas construções de madeira, um dueto improvável entre um bailarino e uma escavadora, girafas deambulantes, uma orquestra incomum proveniente de Espanha, uma cadeira de rodas abandonada ou a viagem de um jovem elefante asiático chamado Salomão que veio parar a Ovar. Tudo isto andará à solta, seja numa praça, num largo, rua ou ruela da cidade.

“Quase todos os projetos tiveram de ser adaptados”, refere Fátima Alçada, porque, na verdade, o Festa “não é um festival de artes de rua, mas sim de arte na rua e isso faz toda a diferença”. O evento pauta-se também pela democratização da cultura. Não se limita a sair dos espaços convencionais para ir ao encontro das pessoas, antes convida a comunidade ser parte integrante e ativa dos espetáculos.

Exemplo que ilustra isso mesmo é a peça “Viagem do Elefante”, baseada no romance histórico de José Saramago e que inclui dezenas de pessoas sem qualquer experiência de representação. “O paquidermismo humano e a humanização afetuosa de Salomãozinho, cruzam a narrativa teatral assimilada do texto literário de José Saramago que se caracteriza pelo humor irreverente, a ironia distanciadora, a compaixão, o humanismo cético e a ternura”, adianta a sinopse do espetáculo.

Um enredo onde uma comunidade fica em sobressalto com a presença do grande animal e pede ajuda a todos os santos. Até mesmo aos mais atuais, como o “Santo Éder”, o “Santo Ronaldo” ou o “Santo Fernando”. A peça poderá ser vista no sábado, pelas 23h, na Praça da República.

“Abranger a comunidade local é um dos pressupostos desde o início, com o objetivo de ter diferentes níveis de participação. Em todas as edições tem havido projetos com a comunidade. Alguns espetáculos já existentes, como ‘A Viagem do Elefante’, e outros criados de raiz para o Festa, como é o caso do ‘Phonoambient’, um trabalho de pesquisa sobre as sonoridades que a cidade encerra”, destacou a programadora cultural do Festa durante a apresentação do certame.

A organização realça que este será “o mais internacional Festa de sempre”, com espetáculos de companhias de Espanha e França, designadamente “The Strange Travel of Senyor Tonet” de Tomb Cratius, “Transports Exceptionnels”, da Companhia Beau Geste, “Ulik’s Glissendo” de Ulik & Le Snob, “Girafes” de Xirriquiteula Teatre, “Wandering Orchestra” de Adrian Scharstein e Sergi Estebanel e “Ceci 3.0” de Ferran Orobitg.

Projetos nacionais de referência também marcarão presença no festival, como “Água” da Companhia Circolando, “Pozzo” de Rui Paixão, “Hugo Carvalhais Cryptic Quartet”, Oficinas pelo Mundo Científico, e ainda instalações permanentes de Add Fuel e Tamara Alves, Diogo Aguiar, entre outros.

Em declarações à imprensa, o vereador da cultura Alexandre Rosas manifestou o desejo de ver o Festa continuar a crescer e transformar-se num “cartão-de-visita de Ovar”, tal como o carnaval.

“Fazemos estas atividades em vários locais e é uma forma de mostrar a cidade. Estamos convencidos de que vamos atrair gente de fora. Esse é um dos objetivos”, assegurou Alexandre Rosas, que acredita que este formato alargado para três dias irá perdurar. “Tem a ver com o crescimento e consolidação do próprio espetáculo”, sustentou.

O orçamento para a terceira edição do Festa foi de 80 mil euros, valor semelhante ao das edições anteriores." (...)

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