Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Memorial do Convento com ilustrações de João Abel Manta (Guerra e Paz)

(Capa da edição)

A notícia pode ser recuperada e consultada aqui

"O romance “Memorial do Convento”, de José Saramago, é publicado a 07 de dezembro, numa nova edição, “especial e limitadíssima”, com ilustrações de João Abel Manta, adiantou à Lusa fonte editorial.
“O nascimento deste livro dava um pequeno romance. O editor José da Cruz Santos sonhou esta edição com José Saramago”, afirmou à agência Lusa fonte da Guerra e Paz, que chancela a obra.
Numa carta enviada a José da Cruz Santos, Saramago escreveu: “Ter o João Abel Manta e o Carlos Reis connosco é um presente do céu, quando o havia. Só de pensar que vou ter um livro meu ilustrado pelo João Abel faz com que o pulso se me acelere”, citou a editora.
O “Sonho” concretiza-se com esta edição, num livro de capa dura, com um formato de 16,5 centímetros de largura, por 24 de altura, com um reforço de lombada em tecido vermelho, incluindo 20 ilustrações inéditas de João Abel Manta a quatro cores, sendo duas das ilustrações reproduzidas em dípticos com 33 centímetros de largura, segundo a mesma fonte.
“Com guardas vermelhas e um fitilho, esta é uma edição raríssima, de apenas 500 exemplares, que não voltará a ser reimpressa”, reforçou a mesma fonte.
Para esta edição contribuíram várias personalidades e entidades, designadamente o editor José da Cruz Santos e a livraria Modo de Ler, que a cederam à Guerra e Paz, e ainda a Porto Editora, a Fundação Saramago e as herdeiras de José Saramago, que a autorizaram, e as autorizações concedidas por João Abel Manta e a sua filha, bem como pelo catedrático em Literatura Carlos Reis.
“Com a publicação da edição especial do ‘Memorial do Convento’, a Guerra e Paz fecha um ano que marcou uma profunda viragem inovadora nas suas linhas editoriais”, disse à Lusa a mesma fonte.
A primeira edição de “Memorial do Convento”, cuja ação decorre nos inícios do século XVIII, em torno da construção do Convento-Palácio de Mafra, nos arredores de Lisboa, foi em outubro de 1982, pela Editorial Caminho.
A ação narrativa decorre no reinado de D. João V, com o país a receber as muitas riquezas do Brasil, e a ação da Inquisição que se endurecia, sendo protagonistas Baltasar, conhecido como Sete-Sóis, porque apenas conseguia ver à luz, e Blimunda, chamada de Sete-Luas, porque conseguia ver no escuro, graças ao dom da “ecovisão”.
Este não é o primeiro romance que João Abel Manta ilustra. Em 1970 ilustrou “Dinossauro Excelentíssimo”, de José Cardoso Pires.
João Abel Manta, de 88 anos, é autor de uma obra multifacetada, da arquitetura ao desenho, passando pela pintura e a caricatura.
Manta tem ainda obra sua nas artes gráficas, tapeçaria, cerâmica e mosaico.
Com Alberto Pessoa e Hernâni Gandra, foi um dos arquitetos responsáveis pelos projetos dos blocos habitacionais da avenida Infante Santo, em Lisboa, que lhe valeu o Prémio Municipal de Arquitectura, em 1957, e da Associação Académica de Coimbra, em 1959.
Em 1961 venceu o Prémio de Desenho na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, com “O Ornitóptero”.
Das suas atividades mais regulares, a par da arquitetura, foi o ‘cartoon’, que desenvolveu de 1945 a 1991, em variadas publicações.
O historiador João Medina considerou-o “o caso mais extraordinário do ‘cartoonismo’ luso do nosso século [século XX], só equiparável [ao] próprio Bordallo Pinheiro”.
Em termos de arte pública, são de sua autoria os painéis da avenida Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e o desenho do pavimento da praça dos Restauradores, também na capital.
O artista fez ainda incursões no teatro, tendo assinado os cenários d’”A Relíquia”, de Eça de Queiroz, e “O Processo”, de Kafka, ambas encenadas por Artur Ramos e levadas à cena em 1970, pelo Grupo de ação Teatral."

O link da editora "Guerra e Paz",pode ser acedido aqui


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