Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sábado, 23 de dezembro de 2017

"José Saramago Nas suas palavras" edição de Fernando Gómez Aguilera

Além de escrever, e de fazê-lo da melhor forma que puder, [o escritor] não deve jamais esquecer que, além de escritor, ele é um cidadão; e, em sua atuação como cidadão, não deve esquecer que é um escritor. Não consigo entender o que leva um escritor a achar que seu compromisso pessoal se restringe exclusivamente à literatura e à sua obra. É o retorno ao egoísmo e à presunçosa torre de marfim. Talvez seja esse o maior dos erros dos últimos vinte anos, embora, por sorte, esses exercícios de autocomplacência estejam desaparecendo a partir da guerra da ex-Jugoslávia. O escritor não é um guia ou um político, e não pode viver, de forma esquizofrenica, separado do cidadão.

“José Saramago: ‘El mundo se está quedando ciego’”
"La Verdad", Murcia (15 de março de 1994) Entrevista a Gontzal Díez

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