Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

domingo, 16 de novembro de 2014

Parabéns a José Saramago - 16 de Novembro de 1922


"Nasce a 16 de Novembro (n.a. 1922) - e não no dia 18, como consta na Conservatória do Registo Civil -, às 14,00 horas, na Rua da Lagoa, Azinhaga (Golegã, Ribatejo), no seio de uma família de camponeses. Os pais são José de Sousa, jornaleiro, e Maria da Piedade, doméstica. O próprio Saramago explicou a razão do atraso cronológico do registo oficial: "Foi o caso que o meu pai andava na altura a trabalhar fora da terra, longe, e, além de não ter estado presente no nascimento do filho, só pôde regressar a casa depois de 16 de Dezembro, o mais provável no dia 17, que foi domingo. É que então, e suponho que ainda hoje, a declaração de nascimento deveria ser feita no prazo de trinta dias, sob pena de multa em caso de infracção. [...] ficou-se à espera que ele regressasse, e, para não ter de esportular a multa (qualquer quantia, mesmo pequena, seria excessiva para o bolso da família), adiantaram-se dois dias à data real do nascimento, e o caso ficou solucionado." 

em "José Saramago: A Consistência dos Sonhos - Cronobiografia"
Fernando Gómez Aguilera - Caminho



"[O livro] leva uma história? Pois leva. Leva personagens, e episódios, e acidentes, e coisas mais ou menos interessantes, ou divertidas, ou dramáticas, mas sobretudo leva uma pessoa dentro, que é o autor. E a grande história será reconhecer o leitor isso mesmo. Porque quando o leitor reconhece, quando o autor lhe dá os meios para que seja reconhecido, então sim, estabelece-se uma relação afectiva, mais profunda, mais cúmplice, de maior comunicação entre o autor e o leitor."

«Os livros do nosso Desassossego. José Saramago»
Entrevista a José Manuel Mendes, 1993

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