Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

"Não sou niilista, sou simplesmente relativista." - da filosofia de base em José Saramago

"Simplesmente relativista"

Publicado no blog , em http://caderno.josesaramago.org/90390.html
Publicado no livro "José Saramago Nas Suas Palavras" - (Caminho, pág. 55)

"Não sou niilista, sou simplesmente relativista. André Compte-Sponville, no seu Dicionário Filosófico, coloca as coisas no seu lugar: o niilismo é a filosofia da preguiça ou do nada, o relativismo é a filosofia do desejo e da acção. Os que dizem que sou um niilista não sabem ler ou, se o sabem, não entendem o que lêem."
“Soy un relativista”, Vistazo, Guayaquil, 19 de Fevereiro de 2004



Via Wikipédia, informação sobre o filósofo, 
"André Comte-Sponville (Paris, 12 de março de 1952) é um filósofo materialista francês.
Ex-aluno da École normale supérieure da rue d'Ulm, foi amigo de Louis Althusser.
Por muito tempo foi maître de conférences da Universidade de Paris I: Panthéon Sorbonne, da qual se demitiu em 1998 para dedicar-se completamente a escrever e proferir conferrências fora do circuito universitário.
Desde 2008 é membro do Comité consultatif national d'éthique (Comitê Consultivo Nacional de Ética) do seu país.
Comte-Sponville utiliza o referencial de Jean Paul Sartre, que já havia dito que "todos somos responsáveis por todos" e de Dostoievsky, "somos todos responsáveis por tudo, diante de todos".
Em sua obra O capitalismo é moral?, que é a transcrição de uma conferência, tenta demonstrar a amoralidade do capitalismo, já que como técnica, a economia é exterior a toda preocupação moral. Comte-Sponville define então quatro ordens, no sentido pascaliano do termo :
1. ordem económico-tecno-científica
2. ordem político-jurídica
3. ordem da moral
4. ordem da ética ou ordem do amor
Considera a possibilidade de existência de uma quinta ordem, a ordem do divino, mas, sendo ateu, pensa que seja dispensável. Mas ele acredita na possibilidade e na necessidade de uma espiritualidade ainda no ateísmo. De fato, Comte-Sponville encontra no ateísmo uma fonte mais legítima da Ética, da adocção de valores humanos já não apesar de não acreditar na existência do divino, senão justamente por ser o humano possuidor de consciência e de valores que nao dependem da fé em divindade nenhuma."

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