Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

terça-feira, 8 de março de 2016

Citador #45 - Alusão a Jorge de Sena

"Esta grande admiração pessoal [por Jorge de Sena] tem a ver por ele ser o tipo de pessoa que eu aprecio: frontal. Às vezes mesmo violento na expressão, basta recordar o célebre discurso da Guarda em que ele dita água gelada nas fervuras patrióticas [da Revolução de Abril] que se esperavam e que aconteceram realmente. Nessa comemoração disse: “Vocês estão a comemorar um país que não existe e eu venho aqui dizer-lhes que país temos, pelo menos em minha opinião”."

João Céu e Silva - "Uma longa viagem com José Saramago"
Porto Editora, 2009

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