Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

domingo, 23 de outubro de 2016

"Os 12 Melhores Livros Portugueses dos Últimos 100 anos" - pela Revista Estante (FNAC - Outubro 2016)

"OS 12 MELHORES LIVROS PORTUGUESES DOS ÚLTIMOS 100 ANOS"

"A Estante convidou um júri de cinco elementos, composto pela jornalista Clara Ferreira Alves, o crítico Pedro Mexia, o professor catedrático Carlos Reis, o editor Manuel Alberto Valente e a jornalista Isabel Lucas, para eleger os 12 melhores livros portugueses dos últimos 100 anos. Este é o resultado.

Por: Catarina Sousa | Ilustração: Gonçalo Viana | Fotografias: Bruno Colaço/4SEE"



AO LONGO DE DEZ EDIÇÕES a revista Estante tem vindo a entrevistar muitos autores portugueses, explorando várias temáticas nas quais a língua portuguesa surge como pano de fundo. Tínhamos desde o início uma vontade que transformámos em desafio e materializámos em iniciativa: eleger os melhores livros portugueses.

Não procurávamos uma lista demasiado extensa. Queríamos que os decisores fossem pessoas dos mais variados quadrantes, mas personalidades respeitadas e conhecedoras do mundo da literatura em Portugal. Cinco pessoas aceitaram o nosso convite: o professor e ensaísta Carlos Reis; a jornalista e escritora Clara Ferreira Alves; a jornalista Isabel Lucas; o editor da Porto Editora, Manuel Alberto Valente; e o crítico literário e assessor cultural do Presidente da República, Pedro Mexia.

O desafio não se adivinhava fácil: escolher os melhores livros portugueses dos últimos 100 anos. Contudo, reunidos à volta de uma mesa, a escolha foi até bastante rápida.

O júri selecionou os melhores livros portugueses dos últimos 100 anos, restringindo a escolha a obras de ficção narrativa publicadas entre 1 de janeiro de 1916 e 1 de janeiro de 2016. A eleição recaiu sobre os 12 livros que se apresentam abaixo, sem qualquer ordem a não ser a alfabética.

Curiosamente, entre os autores dos livros selecionados apenas dois estão vivos: António Lobo Antunes e Agustina Bessa-Luís. Deixamos mais informação sobre cada um destes livros que ajudam não só a justificar a escolha do júri, mas a enquadrar a importância de cada uma das obras na literatura portuguesa dos últimos 100 anos.

A equipa da Estante estabeleceu alguns critérios que considerou pertinentes para a seleção dos melhores livros portugueses.
1. Os livros devem ter sido originalmente publicados a partir do dia 1 de janeiro de 1916.
2. Os autores devem ser de nacionalidade portuguesa.
3. As obras em causa devem ser de ficção.
4. Podem ser incluídas edições de autor."


"O Ano da Morte de Ricardo Reis" - José Saramago
A obra de José Saramago (1922-2010) é tão singular que lhe valeu o Prémio Nobel de Literatura – o único que Portugal recebeu até hoje nesta área.
O Ano da Morte de Ricardo Reis é não só peculiar como faz por questionar tudo o que nos rodeia. Quem somos? O que nos acontece quando morremos? Somos únicos ou, como Fernando Pessoa, somos vários?

O livro conta a história do regresso a Portugal, vindo do Brasil, de Ricardo Reis, o heterónimo de Pessoa, quando confrontado com a morte do seu criador. É um livro denso mas vai envolvendo o leitor do início ao fim, fazendo também uma viagem pela história de Portugal.

AS PRIMEIRAS FRASES
“Aqui o mar acaba e a terra principia. Chove sobre a cidade pálida, as águas do rio correm turvas do barro, há cheia nas lezírias.”

SOBRE O AUTOR
“Falava e escrevia com o desassombro e com a clareza que a alguns desagradava, mas que para ele eram uma forma inalienável de respiração intelectual.”
Carlos Reis


A compilação das 12 obras escolhidas

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